A Metade do Meu Ser

                                            Diário de um Ilusionista                      

Uma gota escorrega por meu nariz,

E de sua ponta despenca e mancha uma folha de caderno ainda em branco.

Sua origem são meus encharcados olhos,

Inundados de uma saudade extrema.

Por onde começar?

Sequer sei o que devo fazer.

Jamais tive que preparar um discurso funerário,

Até porque em toda minha vida jamais perdi um ente querido.

A verdade é que se pudesse,

Eu trocaria essa "sorte" de não perder alguém próximo por ela.

Não é fácil perder alguém que era parte de você,

É como uma faca dilacerando metade de meus órgãos.

Uma morte sem nexo algum,

Resultado de um babaca a comando de uma moto.

A um quarto vazio,

Já se podia notar que minhas lágrimas poderiam encharcar um caderno inteiro.

Uma breve e profunda respiração,

E o choro é cessado.

O que dizer sobre alguém essencial a sua vida?

Alguém que doou metade de sua vida a você,

Com o mais profundo e sincero amor que alguém pode receber.

Ainda me lembro daquela cara de brava de quando eu quebrava algo,

Porque sempre vinha acompanhada de um sorriso dizendo que não foi nada para cortar meu medo.

Ela não era perfeita?

Um ser único,

De uma beleza incomparável!

Palavras jamais definirão,

O quão importante foi minha mãe ao meu ser.

Ensinou-me tantas coisas,

Corrigiu tantos erros.

E o principal...

...ela me ensinou a amá-la.

E com isso aprendi que o amor materno além de eterno,

É recíproco.

                                            Diário de um Ilusionista